segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O mundo não acabou...

Amigos e amigas,

o mundo não acabou... É verdade. Mas pelo que tudo indica, 2012 vai acabar.

Pessoalmente, 2012 não foi dos melhores. Cheguei diversas vezes a dizer que durante esse ano estava vivendo o meu inferno astral. Entretanto, olhando restrospectivamente, acredito que esse ano foi um ano de recuperação - considerando o meu final de 2011. Foi o ano da virada.

Como final de ano não é sinônimo apenas de comilança, mas também de restrospectiva, resolvi fazer esse post.

Como nesse ano houve muitas viagens, vou destacar dois restaurantes de viagens e dois do Rio de Janeiro. Como São Paulo passou a ser uma rotina, não posso deixar de citar ao menos um restaurante que conheci.

Destaque de restaurantes de viagens:

- L'Atelier Joel Robuchon - em Paris;

- Restaurant Gordon Ramsay - este não teve post. Localizado no Chelsea em Londres, atendimento extremamente simpático e comida impecável foram a referência de qualidade gastronômica para o ano de 2012;

- Menção para o Dinner by Heston Blumenthal - que também não teve post por aqui, mas fica dentro do hotel super chique Mandarin de Londres, localizado em frente ao Hyde Park, onde fica o também excelente Bar Boulud.

Destaque de restaurantes do Rio de Janeiro:

- Zazá bistrô;

- CT Trattorie - também não tem post, mas foi emocionante conhecer o restaurante de massas do Claude;

- Menção mais que honrosa para o Bira de Guaratiba e também para o Hachiko Contemporâneo, que realiza um menu de alta gastronomia, a partir das 18h. Escrevi sobre o Hachiko nesse post. Outro que não pode deixar de estar na lista de ninguém é o Bazzar - o hambúrguer da wagyu com foie gras é sensacional.

Destaque de restaurantes de São Paulo:

- Kinoshita - não teve post, mas comemos muito bem um menu degustação proposto pelo maître. O atendimento foi muito bom.

Não lembro de mais nenhum restaurante em SP que tenha ido nesse ano, que valha uma menção.

Desejo a todos um feliz natal e um ótimo 2013. Espero que seja um ano de boas comilanças, não é?

Beijos e abraços,


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domingo, 16 de dezembro de 2012

Bira de Guaratiba

Amigos e amigas,

ontem fomos comemorar o aniversário de um grande amigo. A programação era cruzar o RJ e ir a praia de Grumari. Depois almoçar no emblemático Bira, situado em uma casa no alto de uma colina em Guaratiba. A vista para o mangue é uma pintura!

O restaurante não é barato, mas a cozinha é soberba. O pastel de camarão é sensacional. Melhor ainda estava o pastel de siri.

Dividimos uma moqueca de cação com camarão, um creme de camarão (próximo do bobó de camarão) e, o grande destaque, o camarão com catupiry.

No final do espetacular almoço, aproveitamos para visitar a "Tia Conceição", doceira, que fica na estrada da barra de Guaratiba, ao lado do restaurante Tropicana. É um clássico passar por lá em todas as nossas aventuras por Guaratiba. Ela estaciona o seu carro todos finais de semana e feriados, e só sai de lá se chover!

Seguem as fotos:


 Moqueca de Cação com Camarão.

 O divino camarão com catupiry.

O ataque dos "tarados" por doces!

A clássica doceira "Tia Conceição".

Beijos e abraços,

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Restaurante do Bira
Estrada da Vendinha , 68 A - Barra de Guaratiba
Tel.: (21) 2410-8304 


Doces Caseiros da Tia Conceição
Estrada da Barra de Guaratiba, 130
"Carro estacionado em frente ao Restaurante Tropicana"

domingo, 2 de dezembro de 2012

A Gastronomia na Literatura

Amigos e amigas,

antes de mais nada, aviso: esse post não fala sobre nenhum restaurante. Esse post nasceu de uma curiosidade minha em relação a essa "onda" de foodies que assola o mundo. Seria isso um fenômeno atual ou a veneração à boa comida é antiga, mas foi catalisada pela internet?

Assim, ao longo desse ano, lendo alguns livros, sempre que me deparava com alguma descrição gastronômica, eu anotava para que fosse composto esse post. Com exceção do escritor Ian McEwan - que é atual - os demais autores que descrevo foram de outro tempo: Hemingway e Fitzgerald, representantes da "geração perdida", que após a primeira guerra mundial viveram a "época de ouro" em Paris; por fim, Dostoiévski, que é o escritor atemporal que melhor descreve o egoísmo humano.

Seguem os relatos.

Ernest Hemingway, em "Paris é uma Festa", ao descrever uma viagem que fizera em companhia de Scott Fitzgerald a Lyon, cita as seguintes emoções:

"Comemos uns escargots geniais e tomamos uma garrafa de Fleury, para começar. Estávamos na metade quando se completou uma ligação pedida por Scott. Ele demorou quase uma hora, que aproveitei para comer os escargots do seu prato, molhando pedacinhos de pão no molho delicioso de manteiga, alho e salsa. Quando Scott voltou, quis pedir outra porção para ele, mas ele recusou." (p. 194).

Logo em seguida, Hemingway destaca, como um bom "foodie", o que é que a Côte d'Or tem de melhor a oferecer aos amantes da gastronomia francesa. A Côte d'Or (costa de ouro) fica na região da Borgonha, famosa pelos seus vinhos pinot noir e chadonnay, e a cidade de Dijon é a sua "capital":

"Já tínhamos comido frango, na viagem, mas como ainda estávamos numa região da França que era famosa pelas suas galinhas, pedi como ele (Scott) uma poularde de bresse e, para acompanhá-la, uma garrafa de Montagny, um vinho branco muito leve, das redondezas." (p. 195).

Sem dúvida, Hemingway gostava de comer, de beber e de descrever o que comia. Em uma de suas viagens aos alpes austríacos, mais especificamente à cidade de Schruns, após escalar as montanhas - que naquela época não possuíam teleféricos - e depois esquiar, o nosso herói detalha:

"Essa movimentação toda nos abria o apetite e celebrávamos as horas de refeição como se fossem acontecimentos especiais. Bebíamos cerveja clara ou escura. Vinho novo e, às vezes, vinho de um ano. Outras bebidas que apreciávamos eram o kirsch que destilavam no vale e o schnapps preparado com a genciana da montanha. Quando nos serviam ao jantar lebre recheada em molho de vinho tinto ou carne de gamo com molho de castanhas, bebíamos sempre vinho tinto (...)" (p. 225-226).

Scott Fitzgerald era amante da França e também um gourmet. Em seu livro autobiográfico "Suave é a Noite", ele descreve as aventuras dos Diver - a família protagonista de seu livro: "Os Diver foram jantar em Nice e comeram uma bouillabaisse, que é um ensopado de frutos do mar e lagostins, muitíssimo temperado com açafrão, e tomaram uma garrafa de Chablis gelado" (p. 313).

Dostoiévsky é o craque. Da literatura à filosofia, ele transcorre facilmente sem o leitor notar sobre diversos assuntos, conceituando a sociedade russa de sua época. No livro "Os Demônios",  Dostoiévsky relata o fanatismo ideológico de uma época, prevendo, ainda no século XIX, os horrores de governos que viriam assolar a Alemanha "hitleriana" e a Rússia (URSS) "stalinista" nos anos seguintes.

Nesse livro, pesado como todos os seus livros, não há descrição de uma bela gastronomia, nem de  prazeres gastronômicos. No entanto, entre chás e samovars, ele descreve o último desejo de um jovem suicida: "Depois de acordar pediu almôndegas, uma garrafa de Château d'Yquem e uvas, papel, tinta e a conta" (p. 321).

Ian McEwan é um escritor britânico de sucesso. Um de seus livros, "Reparação", virou até filme estrelado pela Keira Knightley - lançado no Brasil com o título de "Desejo e Reparação".

No entanto, em um de seus últimos romances "Na Praia", que destaca a problemática da sexualidade/virgindade que existia no início da década de 60 na Inglaterra, há generosos relatos sobre os costumes gastronômicos da cidade de Londres da época.

Inclusive sobre a má qualidade gastronômica que os britânicos por muito tempo sustentaram:
"Aquele não era  um bom momento na história da culinária inglesa, mas na época ninguém se importava muito, à exceção dos visitantes estrangeiros." (p. 8)

Acho que essa "maldição" gastronômica inglesa, associado com a pluralidade cultural dos profissionais que a city londrina atraiu, foram os motores motivacionais para reconstruir a fama dos restaurantes londrinos. Digo isso porque hoje é possível encontrar pratos de alta gastronomia de qualquer país, em todas as esquinas de Londres.

Além das diversas páginas em que o autor destaca a má comida britânica da década de 60, há também a descrição da comida que era servida às classes mais abastadas de Londres; e os primeiros contatos de um jovem de origem humilde, filho de um camponês, com tais iguárias:

"A sua própria educação estava ganhando velocidade. Durante aquele verão, ele comeu pela primeira vez uma salada com molho de limão e azeite, e tomou iogurte no café da manhã - uma substância glamourosa que ele só conhecia de um romance de James Bond." (p. 93)

Um pouco mais a frente, o romance mostra que o jovem camponês começou a se tornar sofisticado quando este:

"Incorporou algumas das novidades imediatamente: café filtrado e moído na hora, suco de laranja no café da manhã, confit de pato, figos frescos." (p. 94)

Mas dos relatos de Ian McEwan, os que eu mais me surpreendi foram sobre o alho e as batatas.

"(...) Teve de superar o nojo, nem tanto pelo gosto, mas pela reputação, do alho." (p. 94)

O que mostra que não se comia alho indistintamente pela Inglaterra em 1960. Sobre as batatas:

"(...) Pela primeira vez na vida, deparava com müsli, azeitonas, pimenta do reino fresca, pão sem manteiga, anchovas, cordeiro malpassado, queijo que não fosse cheddar, ratatouille, salame, bouillabaisse, refeições completas sem batatas (...)" (p. 94)

Sabe-se que a batata é uma das bases da culinária tradicional inglesa. Tal revelação acima destaca as diferenças de classe no simples comer daquela época.

É amigos, Ian McEwan sem dúvida não pode entrar no rol dos demais escritores, por viver agora. Mas só de detalhar os costumes alimentares da época de 60 em seu país, mostra como a gastronomia era e é ainda importante para ele também.

Espero que tenham gostado.

Beijos e abraços,


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Quem sou eu

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Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!