quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Grécia: comendo como os deuses!

Amigos e amigas,

convidei o amigo do blog, Tiago Prota, para escrever sobre as experiências culinárias de sua viagem de férias. Ele aceitou e trouxe esses relatos que serão publicados em três episódios: Grécia, o primeiro, Londres, em seguida, e Turquia por último.

Espero que gostem e quem sabe vocês não mudem os seus próximos planos de férias, hein? Sendo assim, por favor, não deixem de complementar os relatos do Tiago, okay?

Com vocês, a mitológica Grécia de Tiago Prota.

Beijos abraços

I) Atenas

Dois dias antes de embarcar para Atenas, explode uma verdadeira batalha campal na praça Syntagma, na frente do parlamento grego, onde os deputados estavam votando as severas medidas de corte de gastos públicos para diminuir a gigantesca dívida do país. Com as imagens de guerra e notícias de morte, bateu a insegurança, mas depois de muita pesquisa e muitos posts no tripadvisor, resolvemos manter o plano e seguir viagem para a Grécia.

Para nossa surpresa, a cidade estava bem calma e todos os serviços indispensáveis ao turismo – transporte e limpeza, principalmente – tinham voltado a funcionar. Muita gente diz que não vale a pena ficar em Atenas mais do que algumas horas e que um dia apenas seria ideal para conhecer as principais atrações. Bom, ficamos lá 4 dias e não foi suficiente...

I.1) Alothens (ao lado do restaurante Diogenes)

Em um dos dias, fomos visitar as ruínas da Acrópole e o museu novo. Depois de descer a montanha, passamos em uma ruazinha em direção à Plaka, bairro histórico, onde se concentram as lojinhas de souvenir e os restaurantes. No meio da rua fica uma praça bem arborizada, rodeada de restaurantes. Um deles, o Alothens, tinha mesas sob a sombra das árvores, um ambiente extremamente aconchegante.



O restaurante fica do lado do Diogenes, que é do mesmo dono e me pareceu ter a mesma qualidade. Não tivemos dúvida e nos sentamos ali mesmo. O atendimento foi excelente e a comida também não decepcionou nem um pouco.



Pedimos de entrada uma salada grega tradicional, com folhas verdes, tomates, azeitonas e queijo feta, tudo regado com muito azeite. Depois pedimos abobrinha recheada e cogumelos grelhados. A abobrinha estava boa, mas a surpresa ficou por conta dos cogumelos grelhados. Estava uma delícia.


Os cogumelhos eram pequenos, pareciam uma espécie de shitake, e eram recheados com blue cheese, tipo um gorgonzola ou rockefort e grelhados com muita manteiga. Estava tão bom que voltamos lá algumas vezes para repetir o cogumelo e experimentar outras coisas, entre elas a musaka, que é uma espécie de lasanha de berinjela com batata e mascarpone, que também estava muito boa. Ah, e a sobremesa também é sensacional: Iogurte com mel e nozes com baklava, um doce de nozes com massa folheada. Aliás, a textura e o sabor do iogurte são inigualáveis.


I.2)ApaXwB (ou o que quer que isso signifique)



Uma das dicas de Atenas que pegamos em um dos blogs de viagem era comer um Slouvaki (churrasquinho grego) em algum restaurante típico nas proximidades da praça Monastiraki. Esta praça está para Atenas assim como o largo da Carioca está para o Rio de Janeiro. É o centro nervoso, onde a qualquer hora do dia e da noite há muito movimento de carros e pessoas.

Nos arredores de Monastiraki estão todas as cadeias de fast food do mundo, lojas de bugigangas chinesas, lanchonetes e alguns poucos restaurantes típicos do verdadeiro churrasco grego. Não estou falando daquele kebab de carne de procedência desconhecida que você consegue comer em qualquer capital européia por 3 Euros. Nessas tradicionais bodegas gregas você escolhe se quer carne de carneiro ou frango. A atmosfera desses pequenos restaurantes é bastante rústica e alguns sequer oferecem o menu em inglês.


Depois de andar pelos arredores da praça, escolhemos comer no ApaXwB (bem, pelo menos era isso que estava escrito na placa...). Foi o menor que a gente achou e com certeza era de propriedade familiar. O pai na churrasqueira, a mãe no caixa e o filho na cozinha. Chegamos, sentamos e pedimos, em inglês, o cardápio. Ninguém da família falava inglês. Fomos socorridos pelos vizinhos de mesa, que nos explicou o cardápio com paciência, mas a explicação estava meio complicada e então pedi o que eles estavam comendo, em mímica.



Pelo que entendi você pode pedir somente a carne de sua escolha ou então tudo no pão Pitta, que é feito ali mesmo e vem quentinho. Estava muito bom. Só não conseguimos comer uma pasta apimentada de um queijo com sabor forte. Se vier a Atenas, um restaurante desses, tradicional, é uma parada obrigatória para um almoço.


II) Mykonos


II.1) Restaurante sem nome (Sensacional)

A badalação de Mykonos me lembrou muito Búzios, guardadas as particularidades. Praias muito bonitas, excelentes restaurantes, boates e um charme peculiar das ruelas do centro, com suas lojas de grife das mais variadas. Apesar da maior oferta de restaurantes estar em Chora, o centrinho de Mykonos, a melhor experiência que tivemos, não só em Mykonos, mas em toda a viagem, foi um restaurante sem nome, sem placa, escondido na distante praia de Agia Sostis, depois de Panormos.

As coordenadas para se chegar ao restaurante sem nome em Mikonos são: depois que passar pela entrada de Panormos, entrar a direita em direção a Agia Sostis. Na descida, você vai ver uma chaminé soltando fumaça. Ande em direção à chaminé e quando começar a sentir o cheiro de carne assada você terá certeza que está no lugar certo. Realmente. Chegamos e estacionamos o quadrículo que tínhamos alugado na ladeira e seguimos o cheiro até chegar no restaurante. O lugar é pequeno, deve ter umas 8 mesas no máximo, que ficam embaixo de uma pérgola que aproveita a sombra de uma árvore, que parece uma parreira. Isso tudo ao lado da praia de Agia Sostis. Apesar do tempo estar meio nublado, a vista do lugar é simplesmente sensacional. Não há palavras para descrever quão azul ou verde é o mar.





Quando chegamos fomos recebido bem pelo casal que administra o restaurante. Depois de sentar e dar uma olhada no cardápio, a mulher nos convidou para ver as saladas, que o pessoal da mesa do lado estava elogiando bastante. Quando entramos na casinha, vimos uma cesta cheia de cogumelos gigantescos, e a partir daí nem liguei para a salada. Pedimos cogumelos e berinjelas grelhados. Estava delicioso. Tão gostoso que resolvemos voltar de novo no nosso último dia, com tempo bom.

Na segunda vez que fomos, fomos igualmente bem recebidos. Mas dessa vez estávamos decididos a não repetir o erro e pedir a salada. Pedimos uma salada de espinafre com figos secos e outra de alcachofras. Sensacional! Só de lembrar a boca começa a salivar... Completamos com um polvo grelhado, cogumelos (última foto abaixo) e berinjela grelhados, tudo acompanhado do vinho da casa. De sobremesa, um brownie com creme de leite.





Se tivéssemos mais três dias em Mykonos, eu certamente comeria pelo menos dois deles lá de novo, para experimentar a lula grelahada, ou o cordeiro grelahado acompanhado de batatas assadas. Este restaurante é daquele que faz você desejar morar ali em Mykonos para poder, de vez em quando, comer e se sentir maravilhosamente bem.


II.2) Café Suisse

O restaurante sem nome foi indicado pela Giselle, uma suíça que casou com um grego e têm um café em Chora, que, aliás, serve deliciosos crepes, saladas e doces suíços, além do sorvete suíço Movenpick. Vale a pena comer qualquer coisa lá. Além da simpatia do casal, tudo é muito bem feito e gostoso. O cheesecake é muito bom e a calda, de morango, é despejada na base ao servir. Comemos também o crepe e uma salada verde com molho suíço (um creme branco muito gostoso que, me parece, levava queijo gorgonzola). O Café Suisse fica numa ruela ao lado da sorveteria Hagen Daaz. Tem um excelente post com fotos do Café Suisse neste blog.


Beijos e Abraços,


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I.1) Alothens
Praça Lisikratos, ao lado do café Diogenes
Próximo à Acrópole
Plaka - Atenas

I.2)ApaXwB
Nos arredores de Monastiraki
Atenas

II.1) Restaurante sem nome
Ladeira da Praia Agia Sostis
Mykonos

II.2) Café Suisse
Chora (centro) – ao lado da Häagen Dazs
Mykonos

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Tiradentes, Um Festival!

Amigos e amigas,

o Viver Para Comer acabou despontando, no final de agosto, na cidade de Tiradentes, Minas Gerais. Cidade que é patrimônio histórico nacional, por ser um dos maiores centros históricos de arte barroca. Contudo, a cidade não é grande, de modo que em dois dias qualquer turista já passa a ser profundo conhecedor de todas as ruas, calçadas, monumentos e igrejas do local.


O final de semana que escolhemos para aportar em Tiradentes foi o final de semana de abertura do XIII Festival Gastronômico de Tiradentes. Isso para mim causou uma grande ansiedade: quais seriam as atrações, que seminários eu poderia aproveitar, quais restaurantes locais eu poderia visitar, quais novidades gastronômicas eu conheceria... Estas eram as questões que passavam pela minha cabeça!


Após algumas horas dentro de um carro, chegamos em Tiradentes. Sexta-feira fazia um frio abaixo de 6 graus celsius. Mas o que me assustou e até me decepcionou foram os preços indecentes que o festival estava cobrando para que pudéssemos experimentar o menu de alguns chefs convidados. Para se ter uma ideia, os preços dos menus degustativos iam, sem bebida e nem 10%, de 150 a 330 reais por pessoa. Um verdadeiro assalto! Resultado: não pudemos experimentar nenhuma invencionice dos chefs do festival.

De fato, o festival, para nós, se resumiu ao chope bebido no galpão dedicado as palestras e aos restaurantes locais que modelaram alguns pratos especialmente para o festival.



Mas nem por isso deixamos de aproveitar a cidade e, também, os restaurantes locais. Aliás, bons restaurantes, mas devemos ter em mente que são restaurantes bons sim, mas de uma cidade pequena e não de uma capital. Em outras palavras, são restaurantes pequenos, que necessiatam ser reservados com uma certa antecedência e ter paciência e jogo de cintura. A exemplo do jogo de cintura, posso lembrar da nossa espera no restaurante Trattoria Via Destra...

1) Trattoria Via Destra



O Via Destra fica na rua da Direita, uma espécie da "Dias Ferreira" de Tiradentes, e é muito pequeno. Escutei que o proprietário é um ex alto executivo que trabalhava em uma grande empresa de Belo Horizonte. Resolveu se aventurar no charmoso mundo de proprietário de um restaurante em uma cidade pequena.

Bom, tivemos que esperar por cerca de meia hora antes de entrarmos, pois não havia mesa para todos. E, quando entramos, ficamos em mesas separadas, pois não havia mesa grande para todo o grupo. Momentos depois fomos realocados em uma mesa onde cabiámos nós 6.

Todos os pratos servidos estavam muito bonitos. O meu risoto de funghi porcini estava excelente. Ouvi falar bem do prato preparado especialmente para o festival: filet mignon recheado de queijo, acompanhado de talharim com azeite trufado.

Para acompanhar pedimos um vinho argentino - Norton Malbec. Vinho bom.

Ressalto que, mesmo não tendo desgutado um dos menus fixos (caríssimos) do Festival, os restaurantes que fomos também tinham um preço elevado para a cidade.

2) Tragaluz

O Tragaluz era o restaurante mais aguardado por todos nós (reservamos com quase 1 mês de antecedência). Foi super recomendado. Ao sermos acomodados em nossa mesa, nos deparamos com a bela atriz Carolina Ferraz, que jantava em uma mesa ao lado, muito simpática e sorridente.



O restaurante muito bonito e acolhedor, com sua decoração rústica distoava da energia de um dos garçons, que parecia de mau humor ou não muito preparado para o ofício. Pedimos uma garrafa de vinho português, o Porca de Murça, que, ao prová-lo, percebi que não estava bom. Solicitei ao garçom que o trocasse - apesar da cara feia do rapaz, imediatamente o vinho foi trocado pelo argentino Finca El Origen Malbec 2007.



Pedimos de entrada um patê de Foie Gras (da casa) delicioso, bem temperado, envolto em uma base de fatias de bacon defumado. O melhor da noite na minha opinião!

Todos gostaram de seus pratos, muitos deles com influência da cozinha mineira. O meu também estava regular: pedi um filet au poivre vert. Infelizmente ele veio com sua base esturricada, embora por dentro estava ao ponto. Imagino que o filet tenha sido queimado em sua base no momento em que ele foi selado.



Outro prato que destaco foi o nhoque, feito com Pro Nobis (uma verdura escura típica de MG), com carne assada no molho escuro - bem saboroso e com gosto de comida caseira (ver foto abaixo). De sobremesa, pedimos um doce de leite com sorvete de queijo e lascas de parmesão - estava bem gostoso, apesar da ressalva com relação às lascas de queijo, mistura que não me agradou muito.


Mas, independentemente, foi uma noite agradável!

3) Pousada Três Portas

A maior surpresa de Tiradentes, gastronomicamente falando, foi a pousada Três Portas. Queríamos ter nos hospedados lá, mas devido a lentidão na coordenação entre as viajantes de nosso grupo, quando fomos fechar, não havia mais quartos disponíveis.

Mesmo não nos hospedado lá, soube que a pousada vendia queijos artesanais. Cheguei à Tiradentes pensando nestes queijos. Como o festival gastronômico para nós não existiu, tinha grande expectativas nos queijos artesanais do local.

Bom, chegamos na porta da pousada Três Portas (Isso mesmo, há três portas na pousada!) Tocamos a sineta, em uma das portas, e uma atendente olhou pra fora... Antes que dissesse qualquer coisa eu perguntei se ela possuía queijo pra vender.

Enquanto a atendente da pousada verficava se havia queijos à venda, um sr. que vinha em direção a porta em que eu estava falou: "Ei, o que você está fazendo... Entra, por favor... Te adianto que para vender não tem, mas para degustar tem de montão. Faço questão que você tome um café e prove os meus queijos"!



Esse simpático sr. era o Dr. Paulo, que logo depois explicou que era o pai do proprietário da pousada. Nos falou que todos os queijos já estavam reservados e, embora não tivesse para vendê-lo, ainda havia queijo para degustar!

Ele nos ofereceu dois queijos: 1) queijo tipo parmesão, que ele nos explicou que o real parmesão é curado por mais tempo e 2) queijo tipo Morbier, onde o original é produzido na cidade de mesmo nome. O queijo morbier tem um friso de fungo no meio dele!

Não preciso dizer que além da simpatia do Dr. Paulo, todos os queijos estavam deliciosos. Ele me garantiu que todos os queijos são produzidos de forma artesanal, com leite orgânico (pasto natural e sem químicos estimulantes) obtidos na fazenda de sua propriedade.

Bom, fica a dica, dos queijos e de hospedagem. Falam que o café da manhã da pousada é de se emocionar!


Por último vale ressaltar os diversos bares existentes em Tiradentes. São tantos, que não posso destacar apenas um. Isto é possível checar na in locus.



Outra dica ao viajante é não deixar de visitar a loja do Chico Doceiro - uma verdadeira instituição local. O seu doce de leite caseiro que recheiam biscoitos em forma de cone é um diferencial de Tiradentes. Há também cocadas e outros doces para quem gosta.

Tiradentes, como cidade, me surpreendeu muito. E os seus restaurantes... São de perder os dentes! ;-)


Beijos e Abraços


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@viverparacomer



Trattoria Via Destra
Rua Direita, 45 - Centro - Tiradentes
Tel.: (32) 3355-1906

Tragaluz
Rua Direita, 52 - Centro - Tiradentes
Tel.: (32) 3355-1424

Pousada Três Portas
Rua Direita, 280 A - Centro - Tiradentes
Tel.: (32) 3355-1444

Chico Doceiro
Rua Francisco Pereira de Moraes, 74 - Centro - Tiradentes
Tel.: (32) 3355-1900

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Brasília

Por Carol

Quem nunca foi a Brasília para uma reunião de trabalho, já pode ter passado na cidade quando ia de férias para a belíssima Chapada dos Veadeiros ou, simplesmente, quando teve interesse em conhecer a capital do país com sua arquitetura moderna... O meu caso não foi nenhum desses, mas nem por isso motivo menos nobre: fui visitar meu querido irmão, que habita a cidade há quase dois anos por ter passado num concurso público!

A vida em Brasília é bastante diferente da vida no Rio ou em São Paulo... quer dizer, acho que lá – os brasilienses podem me corrigir, se eu estiver errada – as pessoas vivem entre casa e trabalho, mas acredito que a vida gastronômica esteja crescendo nos últimos tempos. Inclusive, é um mercado promissor, já que há demanda para isso: pessoas do país inteiro com poder aquisitivo para consumir e sem que a cidade tenha muitos outros atrativos – achei a parte cultural bem fraca também e acho que a construção de um bom teatro seria um empreendimento de sucesso. Bem, impressões à parte, vou falar do que conheci de comida e aprovei por lá...







Destaco o Coco Bambu, um restaurante de frutos do mar do Nordeste que foi parar (que bom!) em Brasília. Pedimos os pastéis (clássicos) de entrada (é quase um almoço!) de queijo coalho e de camarão com um molhinho de ervas. Como principal, por já termos comido pastéis grandes, deu perfeitamente para pedir um prato de camarão ao Thermidor – que é feito com um molho à base de mostarda, champignon e bechamel – para quatro pessoas. Claro que ficou um espacinho para a sobremesa, que, vou dizer, estava divina! Destaco o petit gâteau de doce de leite com sorvete de creme.





Outra dica gastronômica de Brasília é o bistrô francês Daniel Briand Pâtissier & Chocolatier. Muito charmoso, fica num bairro bem parecido com os do Rio, ou seja, não tem tanta cara de cidade planejada como os outros de Brasília. Pedi um croque Monsieur com salada delicioso! Quiches e crepes também foram pedidos e apreciados. A sobremesa é que deixou a desejar... olhando aquela vitrine de doces encantadora, escolhi uma tartelete de limão, mas, sinceramente, acho que não estava fresquinha. Uma pena, mas não fez com que a graça do lugar, à luz de velas, fosse desfeita. Havia macarrons bem bonitos para levar pra casa, mas resisti à tentação! rs







A última dica preciosa é a Hamburgueria Gourmet. Você escolhe dentre os muitos tipos de carne para hambúrguer, queijos e outros adicionais – como cebola ao shoyo –, que você pode acrescentar ao seu sanduíche. As batatas para acompanhar podem ser as fritas clássicas ou as noissetes, que foram a minha pedida (acertada!). Para a sobremesa, pode tomar um sorvete italiano Diletto, vendido na casa – e que também pode ser encontrado no Shopping Iguatemi, que é o must!


Ah, só pra finalizar, adorei dois passeios que meu irmão nos levou: Igreja Dom Bosco (vitrais lindos!) e o Pontão, local à beira do Lago Paranoá com restaurantes simpáticos, muitos com música.

Vale a visita à nossa capital, que, apesar de ser criticada por muitos, tem coisas bem interessantes para fazer e comer! :-)

Boa viagem!

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Coco Bambu
SCES Trecho 02 Conj. 36 - Icone Parque, Brasília, DF. Tel:(61) 3224-5585.

Daniel Briand Pâtissier & Chocolatier
104 Norte, bloco A - loja 26, Asa Norte, Brasília, DF. Tel: (61)3326-1135.

Hamburgueria Gourmet
Shopping Deck Brasil, SHIS QI 11 - loja 33, Brasília, DF. Tel: (61)3248-0386.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A Dialética do Colarinho

Por Gustavo Birenbaum

Chope com colarinho, pra mim, sempre foi uma dessas verdades absolutas que habitam o nosso dia a dia gastronômico. Para mim e para todo mundo de bom gosto que conheço. Realmente, quando a desejada espuma falta por completo, tem-se a impressão de que aquele líquido não merece ser chamado de chope. Um chá gelado de cevada, talvez, ou algo tão insosso quanto isso.



Passeando por Atenas, acabei conhecendo o chope local. Chama-se Alfa, claro. Antes do pedido, lembrei-me de uma crendice segundo a qual onde o vinho é bom a cerveja tende a ser ruim, e vice-versa (alguém conhece uma boa cerveja francesa ou já se aventurou em tomar vinho belga?). Como eu nunca tinha ouvido falar de vinhos gregos (eles não habitam as prateleiras do Zona Sul, fronteira mais distante de todo o meu arsenal enólogo), decidi arriscar minhas papilas gustativas na caneca de 450ml de Alfa. Pelo sim, pelo não, tomei o cuidado de pedir ao garçom para que viesse com colarinho — só que em inglês; em grego, só depois de mais algunas canecas. Imaginei sinceramente que, com minha explicação, o garçom tivesse compreendido que a espuma era uma conditio sine qua non. Minha mulher, mais cética (nessas horas, o desconfiômetro feminino é espantoso), duvidou que o gajo tivesse compreendido a mensagem.

Veio a caneca, com direito a um logo da marca Alfa grafado em grego. Caneca de colecionador. O colarinho, porém, ficou perdido em algum beco de Esparta. Patricia, com ar superior, apenas fitou verticalmente o recipiente, com um olhar enunciativo do famoso “Eu avisei…”. Obviamente o garçom despareceu nos poucos segundos que passaram entre a constatação da total ausência do colarinho (nem aqueles pequenos rastros brancos se viam na vastidão dourada e aquosa) e a manifestação da infalibilidade das premonições femininas. Engraçado foi ver que, à minha volta, pessoas maravilhadas sorviram o mesmo chá gelado de cevada que agora se prostrava na minha frente. (Detalhe sórdido: havia exatos dois dedos sem nada na caneca, certamente para não derramar o líquido no trajeto Extração-Mesa. Mal sabem eles que, até para isso, pode servir o nosso laureado colarinho). Aguardar o garçom voltar e explicar que aquilo não correspondia exatamente ao meu pedido seria inútil e arriscado. Inútil porque nada me garantia que o atendente, agora, entenderia. Arriscado porque, entendendo ou não o meu queixume, sempre existe a chance de um perdigoto ser depositado no produto que repõe aquele antes criticado, pouco importando se a crítica é procedente ou não. (Sim, eu acredito nessas coisas). Sem opção melhor, parti para dentro do Alfa.

Se existe um Deus da cerveja, ou de seus derivados, posso ter perdido alguns pontos com Ele, porque, devo admitir, eu blasfemei aquele líquido. E pus-me a pensar que certas verdades absolutas se esvaziam por completo conforme muda a latitude do observador.

Algum tempo atrás, por exemplo, certos botequins do Rio ofereciam “bolachas” da Brahma que traziam impressas verdadeiras encíclicas sobre a arte do chope em geral e do colarinho em particular: a espessura ideal da espuma, a temperatura adequada para a conservação do líquido, dicas de manutenção da serpentina, os beneficios da cremosidade do produto, noções básicas sobre o lúpulo (esse desconhecido), e por aí vai. Para além de toda essa doutrinação, tenho um grande amigo que reivindica até a autoria de um teste infalível e de facil execução: quebra-se um palito de dente em duas metades (guarde a remanescente para a porrinha); de uma altura de mais ou menos três centimetros deixa-se cair uma dessas metades sobre o creme. Se ela flutuar, touché: seu chope foi “bem tirado”. Se afundar, reprima o responsavel pela extração, sem medo dos perdigotos. Ele haverá de entender (em caso de dúvida, permaneça por perto).

Será que nenhum desses ensinamentos chegou à Grecia? Logo a Grecia, que tantos ensinamentos ministrou a toda a humanidade. Socraticamente, arrisco-me a dizer que determinadas “ciências” não servem para nada quando a sua falta não altera a vida de quem a ignora (meus vizinhos de mesa, por exemplo). Muito abstrato? Nem um pouco. Pense na tecla “Insert”, na qual acabo de esbarrar sem querer e que agora me obriga a reescrever algumas palavras. Qual a serventia da função “Insert”? Alguma ela deve ter — do contrário, não estaria habitando teclados de computador por tanto tempo —, mas confesso que ainda não consegui encontrá-la.

Hoje à noite, para evitar nova rodada de lucubrações inúteis como estas, vou experimentar um tinto da região, que juro nunca ter visto nas gôndolas do Zona Sul.

Beijos e Abraços

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Quem sou eu

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Olá, sou carioca e um grande apreciador de um bom prato. Com este intuito, tentarei escrever as minhas impressões sobre os restaurantes em que eu vier a comer - descrevendo qualidades e defeitos de cada um. Caso tenha o interesse de complementar as minhas opiniões, por favor, não deixe de contribuir. Restaurantes bons devem ser vangloriados, enquanto restaurantes ruins devem ser evitados. Não concorda? Então, vamos lá... Mãos ao garfo!